Enfermagem e Suas Teorias (Blog N. 393) Parceria: O Porta-Voz e Painel do Coronel

sábado, 23 de abril de 2011

Princípio do Universo Sistêmico, da Teoria Sistêmica-Ecológica-Cibernética de Enfermagem, de Rosalda Paim

A Teoria Geral dos Sistemas, através de seu conceito de organização sistêmica dos seres vivos (Sistema Biológico), dos seres brutos (Sistema Físico), das associações humanas (Sistema Social) e dos instrumentos (Sistema Tecnológico) postula a idéia da existência de um universo sistêmico, um dos alicerces fundamentais do Sistemismo Ecológico-Cibernético-Informacional e da Teoria Sistêmica-Ecológica-Cibernética de Enfermagem. 

(Rosalda Paim & Edson Paim).

Este Princípio se fundamenta na Teoria Geral dos Sistemas, de Lwidg von Bertalanffy e constitui um dos Princípios Gerais, tanto da Sistemismo Ecológico-Cibernético-Informacional (Edson Paim & Rosalda Paim), como da Teoria Sistêmica-Ecológica-Cibernética de Enfermagem (Rosalda Paim).

A relação de todos os Princípios Báscicos da Teoria, de Rosalda Paim 

24 - Princípio da Evolução

(Todos os direitos reservados a autora)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

NOVA ENFERMAGEM (Águia.jpg)

Trecho extraído de EDUCAÇÃO, ENFERMAGEM, CUIDADO (Aguia.jpg)

Em 1978, revisando o pensamento de Vanda de Aguiar Horta, Rosalda Cruz Nogueira Paim conclui pelo fato de que a Teoria das Necessidades Básicas é insatisfatória para orientar os objetivos da assistência de enfermagem: propõe, embora sem superar a lógica hospitalocêntrica e biomedicocêntrica, a Teoria Sistêmica de Enfermagem e, quanto às necesssidades básicas, supera-as pelo conceito de necessidades globais, divididas em gerais e específicas.

As bases lógica, metodológica e epistemológica do pensamento tanto de Vanda de Aguiar Horta quanto de Rosalda Paim são a história da doença (campo da Antropologia Médica) e a história dos sinais e sintomas de doenças (campo da Semiologia e da Sintomatologia Médica). Talvez por isso, apesar da Teoria Sistêmica de Enfermagem (uma aplicação dos princípios da Teoria Geral dos Sistemas de Ludwig von Bertalanffy), a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) mantém-se no Brasil moldada na história da doença ou no conceito negativo de saúde e na historiografia da doença por sinais e sintomas das mesmas presentes em fragmentos do corpo.

Nos anos da década de 1990, Nébia Maria Almeida de Figueiredo e seus colaboradores, declaram a insatisfatoriedade da Teoria das Necessidades para orientar os objetivos do cuidado de enfermagem: propõem, então, as coordenadas Necessidades e Desejos, buscando a construção de uma Estética do Cuidado, fundada em sinais, sintomas e signos no corpo e do corpo.

Apesar dos esforços vigentes para construir uma Ciência Sensível que antecipe, abarque e ultrapasse uma Ciência da Assistência fundada em necessidades por deficiências e carências, mantém-se no Brasil os moldes do pensamento de Vanda de Aguiar Horta como se experiências e pesquisas atuais não estivessem demonstrando os seus limites e inadequações.

No ano de 1999, Iraci dos Santos, sob orientação de Jacques Henri Maurice Gauthier, apresenta a Sociopoética –um novo método de pesquisa, de construção do conhecimento, de ensino e aprendizagem, de cuidar. Hoje, a Sociopoética se define como uma nova prática de pesquisa nas ciências humanas e sociais, dentre as quais está a Enfermagem, segundo um número crescente de enfermeiros estudiosos e pesquisadores.

Apesar dos esforços vigentes para construir a Enfermagem como ciência sócio-humana do cuidado mantém-se os princípios metafísicos do método científico experimental, também objetivado no processo de enfermagem, como se métodos científico experienciais –qual a Sociopoética- não estivessem afirmando os limites e inadequações do método científico experimental na Enfermagem Moderna.

Várias outras direções revisionais dos fundamentos da Enfermagem Moderna poderiam ser enumeradas; por tais direções, há uma Nova Enfermagem sendo proposta, com muitos ensaios gestatórios interrompidos ou dispersos.

Por mais desinstaladora pareça ser esta declaração a Nova Enfermagem é declarante do fim da Enfermagem Moderna: essa Nova Enfermagem é uma Ciência Sensível, uma Ciência do Corpo, uma Ciência que vê o cuidado de enfermagem como Arte (não técnica, nem procedimento) e, conseqüentemente, também é uma Ciência Estética.

No advento da Nova Enfermagem propõe-se, desde a década de 1990, duas direções epistemológicas:

- para alguns pesquisadores, a Enfermagem Moderna, autoreferenciada como Ciência da Assistência, transforma-se numa Nova Enfermagem para ser uma Ciência do Cuidado;
- desde o ano de 2003, meus estudos reconhecem a Nova Enfermagem e propõe uma Ciência do Cuidado, fundamentadora daquela.

Em meu pensamento, a Ciência do Cuidado retoma o cuidado como ciência, arte e ideal: sendo ciência, cuidado é unidade epistemológica; sendo arte, é Arte de Cuidado; sendo ideal, é Ideal de Cuidado.


Os sistemas culturais Nova Enfermagem e Ciência do Cuidado são uma necessidade epistemológica e não um mero estratagema ou artifício reinventor: pelas especificidades dos povos latino-americanos, historicamente colonizados, muitos deles resistentes e muitos outros dominados por um subalternismo cognitivo e historiográfico, a Arte de Cuidado, do Autocuidado e o Não Cuidado são ainda campos de estudos e de pesquisas desconhecidos pela Enfermagem.

Confundindo práticas de saúde, práticas de doença, práticas populares de cuidar e de não cuidar, folclore e cultura popular de cuidado e de não cuidado, arte de enfermagem, arte de cuidado ou de cuidar, arte de saúde, arte de doença, a Enfermagem Moderna, por desconhecimento ou negligência foi incapaz de realizar um projeto epistemológico e assistencial de cuidado, de respeito e de responsabilidade para com as milenares Artes de Cuidado na América Latina em geral e no Brasil em particular.

Em suma: a história e a historiografia da Arte de Cuidado na América Latina ainda não foram estudadas sistematicamente.

O campo desses estudos não pode incorrer nos mesmos erros históricos, engendrados pelo positivismo e por todas as áreas de conhecimento nele inspiradas: os fundamentos, os saberes e as práticas de cuidado, de autocuidado e de não cuidado na América Latina não podem ser buscados em sistemas culturais e de organização da sociedade extrínsecos à história dos povos latino-americanos.

Um momento de transição para não incorrermos nos erros históricos anteriores, é rever a revolução cultural da Alemanha, promovida pelo Historismo: para a compaginação da história e da historiografia da Arte de cuidado na América Latina, o diálogo com a Tradição Histórica e com a Tradição Crítica Alemã pode ser um projeto epistemológico proveitoso.

Distante da história e filosofia das ciências, a Enfermagem Moderna adotou a anarquia epistemológica do positivismo e, posteriormente por negligência epistemológica pulou do positivismo para a fenomenologia como se a revolução cultural do historismo não existisse: no momento em que se dá o advento da Nova Enfermagem, voltando às raízes humano-sociais das ciências não experimentais, o historismo e a hermenêutica são sinalizadores essenciais.
Ainda: ao se falar em Ciência Sensível como qualificativo de uma Nova Enfermagem, não se pode negligenciar as revisões no campo da Arte, da Estética, da Ética, realizadas pelo Historismo e seus representantes. Esse é o propósito da Ciência do Cuidado ou ciência da Arte de Cuidado.

A tentativa de construção dessa Nova Enfermagem iniciou-se com Florence Nightingale e, portanto, é secular.

Somente agora as Universidades Federais, por pressão federal e não por obrigação, trabalham para tal construção diante das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em enfermagem.

Ainda infelizmente, com a lógica do mercado, a grande maioria das faculdades privadas estão fora desse processo de mudança, apesar de seus Projetos Político-Pedagógicos indicarem uma direção, a matriz curricular dirigir-se para outra direção quase oposta e os professores em seus planos de aula e desenvolvimento das matérias encaminharem-se para direção ainda mais oposta.

(Este texto faz parte do trabalho de pesquisa apresentado por mim no 2o. Colóquio Latinoamericano de História da Enfermagem, realizado de 12 a 15 de setembro de 2005, na Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro: o resumo deste trabalho consta dos Anais do Colóquio sob o título "A Formação de um paradigma de pensamento histórico para estudo da arte e ciência do cuidado na América Latina")

Para acessar a publicação e outras, na íntegra, clique no seguinte LINK:

http://www.google.com.br/search?hl=&q=rosalda+paim&sourceid=navclient-ff&rlz=1B3GGLL_pt-BR___BR377&ie=UTF-8